terça-feira, 12 de outubro de 2010

Educação pública


Meu chefe me pediu ajuda pois estava sem saber como conseguir uns currículos de estudantes de engenharia pra fazer estágio na empresa. Cadastrei a vaga em algumas faculdades de Belo Horizonte, e antes de encaminhar pra ele os currículos que chegam, dou uma passada de olho, como se fizesse uma pré-seleção. Não sei como acontece ai pelo resto do Brasil, ou do estado, mas vou contar o que reparei que acontece por aqui.

Os currículos que chegam de estudantes de faculdades particulares são, na maioria das vezes, de pessoas comuns, como eu mesmo. Fez um curso de inglês, pois é importante falar mais uma língua, alguns estágios pra adquirir mais experiência antes de procurar um emprego definitivo, participou de palestras, seja pra cumprir quadro de horários, seja pelo aprendizado mesmo, alguns cursos complementares, como informática e tal.

Já os estudantes da UFMG têm um currículo invejável. Duas línguas não são o suficiente. Falam alemão e francês fluentemente. Já fizeram intercâmbio, quando não intercâmbios. Estágios que muitos considerariam um emprego pra vida toda. Palestras? Não, congressos! Nem colocam que já fizeram curso de informática. É presumível. Óbvio lulante.

A faculdade pública não está disponível para as pessoas que não têm dinheiro para pagar por sua educação. Quem se encontra nessa situação e quer dar continuidade a seus estudos tem que suar pra pagar por uma faculdade particular. Ou então ingressar na faculdade particular e tentar os programas sociais como PROUNI e FIES. Se não conseguir, dá um jeitinho e vai pagando! Faz um sacrifício aqui, deixa de comprar uma coisa ali... Brasileiro sempre dá! Ou então se prepara pra frequentar alguns anos de cursinho, até que um dia dá a sorte de passar na federal! Quem sabe? Porque a escola pública não te prepara pra passar na faculdade pública. E a faculdade pública não é uma questão de dinheiro. É uma questão de status. Nome.

Uma imensa contradição!

A solução desse problema (sim, um enorme problema!) não está em garantir o acesso do pobre à faculdade pública pura e simplesmente pelo fato de ele ser pobre, como fizeram com a cota para negros (o que vão me desculpar, mas um racismo explícito. Antes fosse a cota pra estudante de escola pública, por exemplo). Nesse caso ai a qualidade do ensino cairia. “Pobre não precisa de qualidade”. Penso estar a solução em investir na educação das escolas públicas, para que quem estude nelas tenha a mesma chance de acessar a faculdade pública de quem estuda nas escolas particulares.

Engraçado falar disso no dia das crianças né? Só estava pensando no futuro delas! Ou simplesmente no futuro. São elas mesmo que vão cuidar dele!

4 comentários:

André disse...

Também acho que investir na educação é a melhor solução para qualquer sociedade. Um povo educado saberá tomar as outras decisões necessárias para um avanço de fato. Esse é o post que mais fez sentido até hoje!

Anônimo disse...

Só não concordei qdo vc fala : "Ou então se prepara pra frequentar alguns anos de cursinho, até que um dia dá a SORTE de passar na federal!" Sorte, talvez, de ter caido nas provas, questoes q havia estudado... mas para isso foi preciso ESTUDAR e muito... já que a escola publica não "deu conta do recado"...
Estudei em escola pública e em uma universidade particular... mas acho q devemos "tirar o chapeu" pra quem estudou a vida toda em escola publica e conseguiu chegar a federal...
No mais gostei muito do post...

Nati Marinho disse...

Me expressei mal! Só quis dizer que a pessoa que estuda em escola pública pra passar na universidade federal ou frequenta um cursinho, ou estuda por conta própria, mas só com a base que a escola dá fica difícil! A nãe ser que estejamos frente a um gênio! No mais, obrigada pelo comentário!

Anônimo disse...

Bom, este tipo de assunto mexe comigo, sabia?! Quanta frustração ao fazer toda a prova da Federal e ficar apenas por três ou quatro pontos da nota de corte, que digno de passagem, no ano do meu ingresso (sonho) aumentou... Sem contar que, na sala onde fiz o meu primeiro vestibular, mais de 70% da turma estava com uma blusa escrita assim: "Eu sou ELITE!" ou talvez, "Faço parte da familia Bernoulli"... E vem me dizer que eu tenho que desafiar esses camaradas... Me poupe! Mas como você bem disse, brasileiro não desiste! E hoje, trabalho muito, oito horas por dia pra que?! Para pagar a faculdade, que se tornou um sonho possível! Se sou feliz por isso?! Sim sou! Não faço federal mas meu currículo é muito bom! tenho palestras, mas também tenho congressos! Cursos complementares, são vários! Língua, apenas uma mas que faz um sucesso! Hehe! E algumas boas experiências que me rendem excelentes indicações! Gostei do post! Bjo gata! Nando!

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